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A Polícia Civil do Piauí está morta e a sociedade está à mingua de polícia judiciária, mas as viúvas estão muito bem financeir...

sexta-feira, 12 de abril de 2013

A delegada que queria corromper o escriba


Certo dia, um agente de polícia que trabalhava como escrivão em uma delegacia da mulher, cansado de fazer todo o trabalho de sua delegada, resolveu que faria apenas o seu trabalho e a maior parte do trabalha daquela autoridade. Decidiu que pelo menos as portarias e os relatórios dos inquéritos, que são a parte mais fácil, ficariam com a delegada, por isso, notificou-a de sua decisão. Disse- lhe que ele continuaria fazendo tudo o mais, inclusive, as devidas oitivas. Algum tempo depois, o agente escrivão, que descobriu ter se tornado um escravão, foi intimado pelos policiais togados, a corregedoria, aquela que quase nunca ver os erros de delegados e apresentando-se aos togados, disse: o que foi que houve? Os togados olhando para o colega, já sentenciando disseram: nós é que queremos saber o que houve? O escravão sem nada entender, disse: não estou entendendo nada. Os togados disseram, então: queremos saber por que você não está fazendo o seu trabalho. O escravão assustado arregalou os olhos, franziu a testa e ainda sem nada entender perguntou: que trabalho? Os amigos da onça com aquele ar de dono da verdade e de magistrado do diabo disseram: queremos saber por que você está deixando os inquéritos atrasarem. Até esse momento o escriba ainda não estava entendendo nada e mais uma vez tomado pelo espanto franziu a testa, arregalou os olhos, parou por um instante e tentou achar em sua mente os inquéritos que poderia ter esquecido. Como não lembrou, inevitavelmente, pensou: “estou ferrado, esses amigos da onça, esses puxa-sacos vão me detonar. Puxa vida, como pude esquecer tal coisa?”. O bom escriba não sabia como tinha esquecido os inquéritos e então perguntou: de quais inquéritos mesmos vocês estão falando? Os amigos da onça responderam: de todos. Neste momento, o escriba já tremia mais do que carro velho e vara verde e mais uma vez arregalou os olhos, franziu a testa e disse: olha, eu acho que deve está havendo algum equívoco. Os togados disseram, então, em tom condenatório: o equivoco aqui é você. Você não é o escrivão da delegacia da mulher? O escriba respondeu: sou eu mesmo. Os togados disseram: pois é. O escriba já muito confuso e nervoso suspirou por um minuto e desabafou: rapaz, eu quero saber exatamente quais são esses inquéritos. Neste momento, os togados já zangados pelo que acreditavam ser cinismo do escriba, puxaram uma relação enorme e mostraram-no que aliviado desabafou: aaaaah! Entendi. Na verdade, não fui eu não. Foi a delegada. Em ato continuo e antes mesmo que os algozes dissessem novamente que ele é que era o escrivão, ele disse: Todos os inquéritos foram entregues em tempo hábil para a delegada ao menos fazer as portarias e os relatórios que são de sua obrigação. Só faltava exatamente isso, e isso não é responsabilidade do escrivão. Neste instante, os togados entreolharam-se e o interrogatório cessou. Todavia, alguns dias depois a delegada da delegacia da mulher em que trabalhava o escriba tentou corrompê-lo dizendo que desejava que ele fizesse também as portarias e os relatórios e que arrumaria dez diárias por mês para o escriba e que, na verdade, já tinha até arrumado. O escriba ficou, então, alegre pelo dinheiro que até aquele momento pensava ser honesto e que viajaria para algum lugar, uma vez que diária é para quem se desloca a trabalho da sede de lotação, por isso perguntou: para onde mesmo nós vamos viajar? E a doutora respondeu: você já viajou. O escriba arregalou os olhos e disse: pra onde mesmo eu viajei? A delegada respondeu: pra Codó. O escriba novamente assustado disse: pra Codóóóó. A delegada concluiu: pra Codó. O escriba pensou logo naquela terra que ele conhecia muito bem; pensou no filho mais ilustre de Codó, no “macumbeiro-mor”; pensou no Bita do Barão; pensou no próprio Capeta e como sua alma arderia no mármore do inferno e disse: doutora, eu não quero não. Deus me livre. A delegada, então, disse: rapaz, você é mesmo problemático; é criador de casos; você quer mesmo é arrumar problemas; eu não quero mais você no meu cartório, não, seu preguiçoso; vou botar você pra trabalhar no plantão, bem longe de mim, onde eu só veja você uma vez a cada quatro dias. Assim, o velho escriba foi transferido para o plantão onde terminou os seus dias como um velho e triste agente com problemas psiquiátricos causados pelo assédio moral.