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A Polícia Civil do Piauí está morta e a sociedade está à mingua de polícia judiciária

A Polícia Civil do Piauí está morta e a sociedade está à mingua de polícia judiciária, mas as viúvas estão muito bem financeir...

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

As provas da conspiração forjada para sepultar o caso Celso Daniel


Entre o fim de janeiro e meados de março de 2002, investigadores da Polícia Federal encarregados de esclarecer o assassinato de Celso Daniel, prefeito de Santo André, gravaram muitas horas de conversas telefônicas entre cinco protagonistas da história muito mal contada: Sérgio Gomes da Silva, o “Sombra”, suposto mandante do crime, Ivone Santana, viúva da vítima, Klinger Luiz de Oliveira, secretário de Serviços Municipais de Santo André, Gilberto Carvalho, secretário de Governo, e Luiz Eduardo Greenhalgh, advogado-geral do PT. Todos sabiam da existência da fábrica de dinheiro sujo instalada na prefeitura para financiar campanhas do partido.

As 42 fitas resultantes da escuta foram encaminhadas ao juiz João Carlos da Rocha Mattos. Em março de 2003, pouco depois da posse do presidente Lula, Rocha Mattos alegou que as gravações haviam sido feitas sem autorização judicial e ordenou que fossem destruídas. Em outubro de 2005, condenado à prisão por venda de sentenças, o juiz revelou a VEJA (confira a reportagem na seção Vale Reprise)

que os diálogos mais comprometedores envolviam Gilberto Carvalho, secretário-particular de Lula entre janeiro de 2003 e dezembro de 2010 e hoje secretário-geral da Presidência da República. “Ele comandava todas as conversas, dava orientações de como as pessoas deviam proceder. E mostrava preocupação com as buscas da polícia no apartamento de Celso Daniel”.

Em abril de 2011, depois de ter cumprido pena por venda de sentenças, Rocha Mattos reiterou a acusação em escala ampliada. “A apuração do caso do Celso começou no governo FHC”, afirmou. “A pedido do PT, a PF entrou no caso. Mas, quando o Lula assumiu, a PF virou, obviamente. Daí, ela, a PF, adulterou as fitas, eu não sei quem fez isso lá. A PF apagou as fitas, tem trechos com conversas não transcritas. O que eles fizeram foi abafar o caso, porque era muito desgastante, mais que o mensalão. O que aconteceu foi que o dinheiro das companhias de ônibus, arrecadados para o PT, não estava chegando integralmente a Celso Daniel. Quando ele descobriu isso, a situação dele ficou muito difícil. Agentes da PF manipularam as fitas de Celso Daniel. A PF fez um filtro nas fitas para tirar o que talvez fosse mais grave envolvendo Gilberto Carvalho”.

Escaparam da queima de arquivo algumas cópias que registram diálogos desidratados dos trechos com altíssimo teor explosivo. Ainda assim, o que se ouve escancara a conspiração forjada pelos grampeados para bloquear o avanço das investigações e enterrar o caso na vala dos crimes comuns. Somadas, as vozes revelam a alma do bando de comparsas que, em vez de indignar-se com a execução brutal de Celso Daniel, só pensa em livrar da cadeia o companheiro Sombra e, simultaneamente, livrar-se do abraço de afogado do suspeito decidido a afundar atirando. Vale a pena conferir seis áudios resgatados pela coluna. Os diálogos gritam que os donos das vozes se juntaram para impedir o esclarecimento de um crime gravíssimo.

Áudio 1
Luiz Eduardo Greenhalgh diz a Gilberto Carvalho que é preciso evitar que João Francisco, um dos irmãos de Celso Daniel, “destile ressentimentos” no depoimento que se aproxima. “Pelo amor de Deus, isso é fundamental!”, inquieta-se Carvalho.



Áudio 2
Um interlocutor não identificado elogia Ivone Santana pela entrevista concedida ao jornal Folha de S. Paulo e incentiva a viúva a repetir a performance no programa de Hebe Camargo. Alegre, a viúva informa que vai fazer o reconhecimento das roupas da vítima. Do outro lado da linha, a voz pergunta como “o cara” estava vestido. O cara é o marido de Ivone morto dias antes.



Áudio 3: À beira de um ataque de nervos, Sombra cobra de Klinger um imediata operação de socorro. Sobressaltado com o noticiário jornalístico, exige que Gilberto Carvalho trate imediatamente de “armar alguma coisa”.



Áudio 4: Klinger diz a Sombra que Gilberto Carvalho está preocupado com o teor do iminente depoimento do companheiro acusado de ter ordenado a morte do prefeito. Sugere um encontro entre os três para combinar o que será dito. No fim da conversa, os parceiros comemoram a prisão de um suspeito.



Áudio 5: Gilberto Carvalho cumprimenta Ivone Santana pela boa performance em entrevistas e depoimentos. Carvalho acha que as declarações mudarão o rumo das investigações.



Áudio 6: A secretária de Klinger transmite a Gilberto Carvalho rumores segundo os quais a direção nacional do PT pretende manter distância do caso “para não respingar nada”. Carvalho nega e encerra o diálogo com uma observação ambígua: é nessas horas que se percebe quem são os verdadeiros amigos.





Em vez de exigir o esclarecimento da morte do amigo, Gilberto Carvalho resolveu matar as investigações no nascedouro. Por que agiu assim? Ele poderá responder também a essa pergunta na entrevista ao site de VEJA.


domingo, 16 de dezembro de 2012

Dilapidação da PETROBRAS orquestrada pelo Partido dos Traidores


Entenda a tramoia e a desgraça que um partido e uma pessoa podem fazer com o patrimônio do povo brasileiro sem que ninguém grite e seja preso. A reportagem a seguir foi publicada em um  blog da VEJA e é de autoria de Reinaldo Azevedo. Leia com atenção, tire suas conclusões e se lembre disso todo dia, lembre-se nas próximos eleições e quando pensar em defender alguém daquela horda.
Por Wagner Leite

15/12/2012 às 20:56


É do balacobaco!

Desde que Sérgio Gabrielli, o buliçoso ex-presidente da Petrobras, deixou a empresa, os esqueletos não param de pular do armário. A presidente Dilma Rousseff o pôs para correr. Ele se alojou na Secretaria de Planejamento da Bahia e é tido como o provável candidato do PT à sucessão de Jaques Wagner. Dilma, é verdade, nunca gostou dele, desde quando era ministra. A questão pessoal importa menos. Depois de ler o que segue, é preciso responder outra coisa: o que ela pretende fazer com as lambanças perpetradas na Petrobras na gestão Gabrielli? Uma delas, apenas uma, abriu um rombo na empresa que passa de UM BILHÃO DE DÓLARES. Conto os passos da impressionante reportagem de Malu Gaspar na VEJA desta semana. Prestem atenção!

1: Em janeiro de 2005, a empresa belga Astra Oil comprou uma refinaria americana chamada Pasadena Refining System Inc. por irrisórios US$ 42,5 milhões. Por que tão barata? Porque era considerada ultrapassada e pequena para os padrões americanos.

2: ATENÇÃO PARA A MÁGICA – No ano seguinte, com aquele mico na mão, os belgas encontraram pela frente a generosidade brasileira e venderam 50% das ações para a Petrobras. Sabem por quanto? Por US$ 360 milhões! Vocês entenderam direitinho: aquilo que os belgas haviam comprado por US$ 22,5 milhões (a metade da refinaria velha) foi repassado aos “brasileiros bonzinhos” por US$ 360 milhões. 1500% de valorização em um aninho. A Astra sabia que não é todo dia que se encontram brasileiros tão generosos pela frente e comemorou: “Foi um triunfo financeiro acima de qualquer expectativa razoável”.

3 – Um dado importante: o homem dos belgas que negociou com a Petrobras éAlberto Feilhaber, um brasileiro. Que bom! Mais do que isso: ele havia sido funcionário da Petrobras por 20 anos e se transferiu para o escritório da Astra nos EUA. Quem preparou o papelório para o negócio foi Nestor Cerveró, à frente da área internacional da Petrobras. Veja viu a documentação. Fica evidente o objetivo de privilegiar os belgas em detrimento dos interesses brasileiros. Cerveró é agora diretor financeiro da BR Distribuidora.

Calma! O escândalo mal começouSe você acha que o que aconteceu até agora já dá cadeia, é porque ainda não sabe do resto.

4 – A Pasadena Refining System Inc., cuja metade a Petrobras comprou dos belgas a preço de ouro, vejam vocês!, não tinha capacidade para refinar o petróleo brasileiro, considerado pesado. Para tanto, seria preciso um investimento de mais US$ 1,5 bilhão! Belgas e brasileiros dividiriam a conta, a menos que…

5 – … a menos que se desentendessem! Nesse caso, a Petrobras se comprometia a comprar a metade dos belgas — aos quais havia prometido uma remuneração de 6,9% ao ano, mesmo em um cenário de prejuízo!!!

6 – E não é que o desentendimento aconteceu??? Sem acordo, os belgas decidiram executar o contrato e pediram pela sua parte, prestem atenção, outros US$ 700 milhões. Ulalá! Isso foi em 2008. Lembrem-se que a estrovenga inteira lhes havia custado apenas US$ 45 milhões! Já haviam passado metade do mico adiante por US$ 360 milhões e pediam mais US$ 700 milhões pela outra. Não é todo dia que aparecem ou otários ou malandros, certo?

7 – É aí que entra a então ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff,então presidente do Conselho de Administração da Petrobras. Ela acusou o absurdo da operação e deu uma esculhambada em Gabrielli numa reunião.DEPOIS NUNCA MAIS TOCOU NO ASSUNTO.

8 – A Petrobras se negou a pagar, e os belgas foram à Justiça americana, que leva a sério a máxima do “pacta sunt servanda”. Execute-se o contrato. APetrobras teve de pagar, sim, em junho deste ano, não mais US$ 700 milhões, mas US$ 839 milhões!!!

9 – Depois de tomar na cabeça, a Petrobras decidiu se livrar de uma refinaria velha, que, ademais, não serve para processar o petróleo brasileiro. Foi ao mercado. Recebeu uma única proposta, da multinacional americana Valero. O grupo topa pagar pela sucata toda US$ 180 milhões.

10 – Isto mesmo: a Petrobras comprou metade da Pasadena em 2006 por US$ 365 milhões; foi obrigada pela Justiça a ficar com a outra metade por US$ 839 milhões e, agora, se quiser se livrar do prejuízo operacional continuado, terá de se contentar com US$ 180 milhões. Trata-se de um dos milagres da gestão Gabrielli: como transformar US$ 1,199 bilhão em US$ 180 milhões; como reduzir um investimento à sua (quase) sétima parte.

11 – Graça Foster, a atual presidente, não sabe o que fazer. Se realizar o negócio, e só tem uma proposta, terá de incorporar um espeto de mais de US$ 1 bilhão.

12 – Diz o procurador do TCU Marinus Marsico: “Tudo indica que a Petrobras fez concessões atípicas à Astra. Isso aconteceu em pleno ano eleitoral”.

13 – Dilma, reitero, botou Gabrielli pra correr. Mas nunca mais tocou no assunto.

Encerro
Durante a campanha eleitoral de 2010, o então presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, fez propaganda de modo explícito, despudorado. Chegou a afirmar, o que é mentira descarada, que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, durante a sua gestão, tinha planos de privatizar a Petrobras.

Leram o que vai acima? Agora respondam: quem privatizou a Petrobras? E noto, meus caros: empresas privadas não são tratadas desse modo porque seus donos ou acionistas não permitem. A Petrobras, como fica claro, foi privatizada, sim, mas por um partido. Por isso, foi tratada como se fosse terra de ninguém.

Por Reinaldo Azevedo

domingo, 9 de dezembro de 2012

Presidente do PT descarta expulsão de condenados no mensalão

O presidente do PT, Rui Falcão, afirmou neste sábado (8) que o partido não vai expulsar os petistas condenados no processo do mensalão. O Diretório Nacional do partido, reunido neste sábado em Brasília, disse o dirigente, não considera os crimes atribuídos a eles como "infamantes" e reitera que a condenação do Supremo Tribunal Federal teve viés político.

No julgamento, foram condenados dois ex-presidentes do PT, José Dirceu e José Genoino; o ex-tesoureiro Delúbio Soares; e o ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha. Exceto Genoino, todos deverão iniciar o cumprimento da pena em regime fechado.

Rui Falcão disse ainda que há militantes do partido dispostos a contribuírem voluntariamente com o pagamento das multas estabelecidas aos condenados no mensalão.

"Até porque os companheiros não têm recursos para pagarem essas multas totalmente desproporcionais aos crimes que lhe são imputados", disse Falcão, que também disse estar disposto a contribuir.

O artigo 231 do Estatuto do PT, aprovado em fevereiro deste ano, prevê que serão expulsos do partido membros condenados por "crime infamante ou por práticas administrativas ilícitas", com sentença transitada em julgado, como é o caso do processo do mensalão.

Não existe na legislação penal brasileira tipificação para crime "infamante", mas no meio jurídico, são considerados assim delitos que causem desonra ou maior reprovação social de quem os praticou.

Questionado sobre o motivo da exceção, Rui Falcão afirmou que o diretório considera que "não houve compra de votos nem tampouco aplicação de recursos públicos".

"Quem aplica o estatuto do partido é a direção do partido. Não vemos primeiro nenhum crime infamante, que é o que diz o estatuto e segundo nós questionamos o caráter político do julgamento do STF", afirmou Rui Falcão.

Falcão afirmou que os petistas condenados "seguem sua vida normalmente com todos os direitos partidários assegurados".

Dirceu 'satisfeito'

O presidente do PT disse ainda que o ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu - apontado pelo STF como o "mandante" do esquema do mensalão - , está "satisfeito" com a defesa do partido aos filiados condenados e a apoio dado a eles. Dirceu esteve nas reuniões do Diretório, mas entrou e saiu pela garagem.

"[José Dirceu] está satisfeito com a defesa que o partido tem feito dos filiados condenados injustamente", disse Falcão. "Ele prosseguirá com suas reuniões, seus encontros, como vem fazendo até hoje".

Perda de mandatos

O presidente do PT também se manifestou sobre a discussão, em curso no STF, sobre a perda de mandatos de deputados condenados no mensalão. Para Falcão, cabe à Câmara abrir processo e decidir sobre o futuro de João Paulo Cunha (PT-SP), Valdemar da Costa Neto (PR-SP) e Pedro Henry (PP-MT).

"Acho que a Constituição defere ao Congresso Nacional o direito de cassar ou não mandatos [...] Sou favorável que o Congresso Nacional, conforme dispõe a Constituição, resolva se cassa ou não os mandatos", disse.

Na última quinta, o relator do processo, ministro Joaquim Barbosa, e o revisor da ação penal, Ricardo Lewandowski, divergiram sobre o assunto. Para Barbosa, a decisão do Supremo é definitiva; para Lewandowski, precisa passar pela deliberação da Câmara.

A definição sobre o que ocorrerá deverá ser estabelecida na sessão desta segunda do julgamento, quando os demais ministros votarão sobre a questão.

Operação Porto Seguro

O presidente do PT negou que os desdobramentos da Operação Porto Seguro, deflagrada no mês passado pela Polícia Federal, "respingue" no partido. A investigação, entregue nesta sexta (6) à Justiça, desvendou um suposto esquema de venda de pareceres técnicos do governo a empresas privadas.

"Nós já dissemos em outras ocasiões que [os indiciados] são militantes com ação isolada e que o partido não convalida esse tipo de prática pela qual estão sendo denunciados", afirmou Falcão. Entre os indiciados, está a ex-chefe de gabinete do escritório da Presidência em São Paulo Rose Noronha, próxima do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de José Dirceu.

Rui Falcão negou que o curto prazo para a conclusão do inquérito tenha beneficiado o partido. "O PT não tem a ver com investigação da Polícia Federal, que faz seu trabalho regularmente e fixa os prazos para continuidade e encerramento dos inquéritos", disse.

Ele negou também que o ex-presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, tenha procurado o PSDB em busca de apoio contra uma possível instalação de Comissão Parlamentar de Inquérito sobre o tema. "Não tenho essa informação. Acho que o presidente Lula em nenhum momento se envolveu nessa investigação", afirmou.

Falcão disse desconhecer que tenha havido uma blindagem a Rosemary durante as investigações.

O presidente disse ainda ser "mentirosa" uma reportagem publicada na edição deste sábado da revista "Veja", a qual atribui a Rui Falcão a ordem para beneficiar o ex-senador Gilberto Miranda em processos na AGU.

"É uma matéria mentirosa. Eu fui procurado, neguei, e o jornalista não registrou minha negativa. Não conheço Paulo Vieira [ex-diretor de Hidrologia da Agência Nacional de Águas, apontado como chefe do grupo], nunca falei com ele", disse.

Fonte: G1

sábado, 8 de dezembro de 2012

Reinaldo Azevedo, portador de deficiência, acusa a vaia injusta que Dilma recebeu; eu poderia vaiá-la também, mas por outros motivos. Ou: Deficientes, como eu, também podem ler Platão e Descartes! Mal não faz!




É complicado viver em tempos politicamente corretos e intelectualmente estúpidos. Grupos sociais, minorias, correntes organizadas de opinião etc. se consideram donas da linguagem e das palavras. Danem-se a etimologia, a gramática, o dicionário, qualquer coisa que remeta ao universo objetivo da linguagem. Se eles acharem que determinado vocábulo tem sentido pejorativo, então tem. Não lhes basta reivindicar proteção, direitos especiais ou reparação, tudo compreensível e só raramente ilegítimo. Apropriam-se também do domínio da linguagem e passam a impor a sua vontade – ainda que contra os fatos, a história, a etimologia, a gramática, o dicionário… Viram juízes das palavras. A PLC 122, a tal lei contra a homofobia, também tem este aspecto absurdo: cria uma polícia da linguagem sob o pretexto de proteger direitos. 

Vamos ver. Este que lhes fala é “portador” de dois buracos no crânio – ou, se quiserem, sou um não portador de dois pedaços de ossos correspondentes que deveriam estar lá; deveriam, bem entendido, segundo o que se dá com a maioria, que tem o crânio intacto. 

Apareceram dois tumores no meu cocuruto, e lá se me foram dois pedaços da cabeça, numa cirurgia simpaticamente chamada de “craniectomia”. Uma das falhas de que sou portador é coberta pelo cabelo; a outra é visível, no alto da testa, no centro da cachola. Nos debates da VEJA.com, ele se mostra em seu esplendor. Pode lembrar um golfinho. Mas não me peçam para fazer momices, como Flipper, hehe… Não rola. Depois de dois uísques, talvez eu declame alguma coisa, mas só a pedidos… insistentes! 

Há até uma história curiosa sobre isso. Um senhor, já coroa, desses leitores que não gostam de mim – é raro, mas os há, rá, rá, rá – enviou-me certa feita uma mensagem eivada de ofensas, coisas grotescas mesmo. Num dado momento, ele afirmou que os tumores só apareceram na minha cabeça porque eu não fumava maconha. A história está em arquivo. Mais tarde, ele se tornou, acreditem!, blogueiro oficial do Planalto, na gestão Lula. Sim, o sujeito que me acusou de ser o responsável pelos meus próprios tumores (por não fumar maconha) virou blogueiro de Lula. Essa gente pode me espantar, sim, mas não me surpreende. Volto ao ponto. 

Nesta terça, a presidente Dilma Rousseff participou da Conferência Nacional dos Direitos das Pessoas com Deficiências. Eu poderia, por óbvio, estar lá. Mas estou aqui… Dilma decidiu exaltar a tecnologia inclusiva que dá “melhores oportunidades para portadores de deficiências”. Foi vaiada. É proibido falar assim, fiquei sabendo hoje. Dilma também só descobriu isso nesta terça. 

O jeito correto, senhores leitores, de vocês se referirem a nós é outro. Ela foi alertada a tempo pela assessoria e mandou brasa: 

“Desculpa, eu quis dizer ‘pessoas com deficiência’. Eu entendo que vocês tenham esse problema. Portador não é muito humano, né? Pessoa é”.

Aí foi aplaudida! Pois é… Os petralhas dizem que os médicos arrancaram um pedaço do meu cérebro quando extirparam os dois tumores do crânio, mas acho que dizem isso só porque não me amam, embora sejam viciados em mim. Euzinho aqui, “a nível de pessoa com deficiência” (hehe…), não gostei mesmo foi da segunda intervenção de Dilma. A primeira me pareceu ok, ué. Que filólogo, etimologista, gramático ou especialista em linguagem decidiu que “portador” é coisa negativa? Se há alguma diferença entre “portador de deficiência” e “pessoas com deficiência”, eu diria que a balança pode pesar a favor da primeira expressão. 

Ora, nada impede portadores de deficiência de ler Platão ou Descartes, por exemplo. Eu leio sempre, mesmo portando buracos extras na cabeça. Procuro dar eficiência máxima ao que me resta de dois dos orifícios regulares, os olhos – que nunca prestaram, com uma miopia de fazer inveja ao Mr. Magoo. Ora, aquilo que “porto“ não sou eu em essência, não me define. Aquilo que porto é só uma realidade contingente, uma expressão, digamos, do mundo das sombras. No mundo das ideias, hehe, sou perfeito, como qualquer um. Ou minha alma já teve acesso à verdade, e tudo o que aprendo são reminiscências (Platão) ou, melhor ainda, já nasci com algumas verdades inatas, postas na minha mente por Deus (Descartes). Assim, pouco importa se me falta a perna, se me falta o braço, se me faltam pedaços do crânio, defino-me como humano. 

Portar uma deficiência, pois, é bem menos definidor do que sou do que me apresentar como uma “pessoa com deficiência”. Nesse caso, essa preposição mais esse substantivo se juntam para formar uma locução adjetiva e alterar a própria natureza do substantivo. A pessoa a quem falecem características que assistem a maioria só será igual, sendo diferente, se “portar a deficiência”, não se for uma “com deficiência”. Portar uma deficiência é um acidente no sujeito, que não muda a sua essência, que será sempre completa; ser um “com deficiência” integra a essência do sujeito. O que querem os deficientes e toda gente que se mobiliza contra preconceitos? 

Os portadores de deficiência ou pessoas com deficiência não são donas da linguagem, não! Não são donas da palavra. Nem essa minoria, que agora integro, nem outra chamada “minoria sociológica” qualquer: mulheres, gays, negros etc. 

Eu poderia vaiar Dilma por uma porção de motivos – por esse, jamais! “A nível de pessoa” com deficiência, eu não gostei foi de sua segunda intervenção. Parece-me, aí sim, que ela optou por infantilizar o público que a ouvia, por tratá-lo com certa condescendência piedosa, usando, o que não lhe é raro, as palavras de maneira mais ou menos desastrada. Depois da vaia injustificada, para triunfo da lógica, veio o aplauso injustificado. 

Ninguém, pessoa com deficiência ou não, tem o direito de impor ao outro a sua ignorância como medida de correção política. 
Por Reinaldo Azevedo

Para instruir a canalha ignorante. O gênio e o idiota em imagens


Esta é a Universidade de Constantine, em Argel, na Argélia. A obra, independentemente do ambiente político que a cerca, que não é bom, é a prova do que pode o gênio humano. Foi projetada por Oscar Niemeyer e é, na minha opinião, um de seus mais belos trabalhos.




Mas…Mas há os fatos. E não me importo em instruir os ignorantes. As reportagens das TVs e dos portais estão fazendo do “comunismo” de Niemeyer uma dimensão de sua generosidade. Como sabemos, ele achava Stálin um “líder fantástico”.


A partir de 1930, o dirigente soviético promove a coletivização forçada do campo. Isso implicava, como política de estado, a destruição dos “kulaks como classe”, a saber: dos camponeses que ainda eram proprietários de terras. Não, nem se tratava de latifundiários: era gente que produzia para a sua sobrevivência e que vivia da venda do excedente.


O principal alvo foram as terras férteis da Ucrânia. Stálin, o grande humanista de Niemeyer, decretou a expropriação de toda a produção rural e a coletivização da terra. Os camponeses resistiram. Morreram assassinadas ou de fome, nesse período, entre cinco milhões e sete milhões de pessoas. Segundo Niemeyer, “a revolução era mais importante”.


Abaixo, reproduzo um trecho da página 70 do livro “Stálin – A Corte do Czar Vermelho”, do respeitado historiador Simon Sebag Montefiore (Companhia das Letras). Vão se instruir, vagabundos!!! Era este homem que Niemeyer cultuou até o fim da vida como exemplo do humanismo comunista. Depois do texto, algumas fotos.

*

(…)

Em janeiro de 1930, Molotov planejou a destruição dos kulaks, que foram divididos em três categorias: “primeira categoria [...] a ser eliminada imediatamente”; a segunda deveria se aprisionada em campos de trabalho; a terceira, 150 mil famílias, deveria ser deportada. Molotov supervisionava os esquadrões da morte, os trens, os campos de concentração, como um comandante militar. Entre 5 e 7 milhões de pessoas caíram nas três categorias. Não havia maneira de selecionar um kulak (…).


Durante 1930-31, cerca de 1,68 milhão de pessoas foram deportadas para o Leste e o Norte. Em poucos meses, o plano de Stálin e Molotov levara a 2.200 rebeliões envolvendo mais de 800 mil pessoas. Kaganóvicth e Mikoian comandaram expedições ao campo com brigadas de soldados da OGPU e trens blindados como se fossem senhores da guerra. Suas cartas manuscritas a Stalin estão marcadas pela emoção fraternal de sua guerra, pelo aperfeiçoamento humano contra os camponeses desarmados: “Tomando todas as medidas quanto a alimentos e grãos”, relatou Mikoian a Stálin, citando a necessidade de acabar com os “sabotadores”: “Enfrentamos grande resistência [...]. Precisamos destruir a resistência”.


No álbum de fotografias de Kaganóvitch, o vemos indo para a Sibéria com o seu pelotão armado de facínoras de jaqueta de couro interrogando camponeses, investigando suas pilhas de feno, descobrindo os grãos, deportando os acusados e avançando novamente, exausto, caindo no sono entre paradas. “O trabalho de Molotov é realmente duro e muito cansativo”, contou Mikoian a Stálin: “O volume de trabalho é tão vasto que precisa de cavalos-vapor”.

(…)


VolteiStálin era tão obcecado pelos campos de concentração que andava com uma caderneta no bolso, que trazia a sua localização, quantidade pessoas etc. A inteligência não é incompatível com a canalhice intelectual. O escritor Máximo Gorki, comunista de carteirinha, visitou alguns em companhia do grande líder.


Abaixo, fotos dos corpos que os homens de Stálin foram deixando por onde passavam no processo de coletivização da agricultura. Retomo depois.












Na foto abaixo, os homens de Stálin em ação nas terras férteis da Ucrânia, com seus comboios que iam sequestrando a produção agrícola. A ordem, a depender da área, era não deixar com os camponeses nem mesmo o suficiente para a sua subsistência. Matá-los de fome era uma determinação. Como é mesmo, Niemeyer: “A revolução era mais importante”.




Aqui, mais uma obra de Niemeyer: a Catedral de Brasília. Por isso separei o gênio do idiota; por isso separei o homem que celebrava a vida do homem que celebrava a morte. Sou um humanista.




Perguntem a Ricardo Boechat o que ele pensa a respeito. Perguntem a outros de sua espécie o que há de grandioso e heroico em tudo isso. Se Niemeyer admirasse Hitler, certamente não tentariam salvar do lixo nem mesmo a sua obra. Stálin só viria a ser superado em cadáveres por outro dos heróis do arquiteto: Mao Tsé-tung. O bigodudo matou uns 40 milhões. O tirano chinês quase dobrou a aposta: 70 milhões.


Ninguém quer tocar no assunto? Eu toco. Vejam de novo a catedral e o que pode o gênio humano. Niemeyer fez uma bela catedral sem acreditar em Deus. Não era preciso crer para ser bom. Niemeyer, no entanto, acreditava em Stálin e seus métodos.


E eu lembrei as duas coisas. 

Por Reinaldo Azevedo

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Desabafo de um trabalhador de Segurança Pública

Ainda existem aqueles que não temem fazer o certo ainda que seja contra alguém que se acha intocável. Parabéns a estes raros cidadãos. Isso mostra que polícia é muito mais do que truculência. É muito mais que armas e prisões. Mostra que policiais também são humanas e vítimas da insensibilidade de magistrados e promotores.

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Governo do PT retribui com discriminação os milhões de votos que recebeu no Nordeste



Os governos do PT estão sempre na vanguarda no que de pior existe no Brasil. Os exemplos são muitos – MENSALÃO, TRAGÉDIA DA BARRAGEM DE ALGODÕES, GOLPE NOS APOSENTADOS, GOLPE NOS FUTUROS APOSENTADOS, GOLPE NOS PENSIONISTAS, MAIOR CARGA TRIBUTÁRIA DA HISTÓRIA DO BRASIL, QUEBRA DE SIGILOS, ASSASSINATOS COMO O DO PREFEITO CELSO DANIEL, FECHAMENTO DE VÁRIAS ESCOLAS NO PIAUÍ, QUOTAS DISCRIMINATÓRIAS, ACHATAMENTO DOS SALÁRIOS DOS POLICIAIS CIVIS DO PIAUÍ, OLIGARQUIA DITATORIAL, ELEVAÇÃO DA CLASSE DE DELEGADOS A CONDIÇÃO DE PRIVILEGIADÍSSIMOS e outras tantas mazelas. Por último, o golpe do pré-sal, obra de LULA e agora de DILMA, a favor do Rio de Janeiro e do Espírito Santo, e contra todo o Brasil, principalmente contra o Nordeste que votou em massa em sua “excelência”. Imagino que essa seja uma forma pedagógica e descarada de dizer para os eleitores que eles não sabem votar, não sabem escolher seus representantes. O Nordeste que elegeu LULA, DILMA, WELLINGTON, DEDA e outros tantos PETRALHAS, como diria Reinaldo Azevedo, recebe mais uma vez a gratidão do presidente, ou melhor, da presidente, vetando o pré-sal e passando-nos a mensagem que somos menos importantes do que os nascidos no RJ ou ES e que por isso mesmo estamos fadados à miséria eterna, estamos fadados a morrer de sede e de fome, estamos fadados a ter a pior educação do país, a pior saude do país. Essa, certamente, não é a isonomia desejada pelo constituinte de 1988, essa não é a equidade determinada pelo constituinte de 1988. Essa sim é a isonomia e a equidade que o PT deseja para todos do NORTE e do NORDESTE do Brasil que só têm servido para colocar canalhas no poder e pouquíssimos cidadãos. Seria bom se todos dessas regiões lembrassem-se do dia do veto do pré-sal nas próximas eleições, mas a memória do brasileiro do Nordeste tem-se demonstrado curta.
Os argumentos da presidente para vetar o pré-sal, que certamente não foram redigidos por ela, que não entende patavina de Direito, mas pelo Ministro da Justiça, que até entende de Direito, todavia, assim como Carl Schmitt, guardadas as devidas proporções, serve a um governo do tipo a que serviu Schmitt, nazista, no caso brasileiro, nazista dissimulado. Os argumentos que sustentaram o veto estão arrimados no inciso XXXVI do artigo 5º e no §1º do artigo 20 da Magna Carta que foram distorcidos para atender a necessidade dos canalhas do planalto e que não perderei tempo para explicar porque foram distorcidos, uma vez que está evidente. O veto bem que poderia ter sido político, já que pode ser de dois tipos – POLÍTICO e JURÍDICO, todavia para ocultar a verdade mais uma vez por não ter explicação razoável para o Nordeste que elegeu os TRAIDORES DO POVO E DAS CAUSAS SOCIAIS, engendraram um monstrengo e o batizaram de veto jurídico, quando na verdade, a razão foi eminentemente política. Na verdade, os argumentos do veto são equivocados e contrários à Constituição, e para isso poderia citar vários dispositivos para sustentar a minha tese, mas vou restringir-me apenas ao art. 3º da Constituição Federal, que é o bastante para sustentar o desejo e a necessidade dos nordestinos.
O artigo 3º da Constituição Federal elenca um rol de princípios – ali chamados de objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil, os quais os argumentos do veto feriram de morte, e que por isso, estão eivados de inconstitucionalidade, eivados de desobediência ao mandamento constitucional. O artigo 3º diz que são objetivos do Brasil construir uma sociedade justa e solidária, garantir o desenvolvimento nacional, erradicar a pobreza e a marginalização, reduzir as desigualdades sociais e regionais, promover o bem de todos sem preconceito, inclusive, de origem – mandamentos que o veto joga no lixo sustentados em argumentos, pífios e nazistas. É claro que o veto contraria tudo que diz o art. 3º da Constituição do Brasil, mas os PETRALHAS não são dados a cumprir as leis. Lembram-se do MENSALÃO ou de ALGODÕES em que o governo petista contrariando parecer técnico do Corpo de Bombeiros, enviou centenas de pobres para a morte? Ora, fico imaginando o que pode ter passado pela cabeça desses PILATOS quando leram no art. 3º - erradicar a pobreza, se é que leram. É bem capaz que tenham interpretado como matar os pobres do nordeste. Quem sabe o que passa pela cabeça dessa gente além de se dar bem com o erário público? Quem sabe o que passa pela cabeça dessa gente além de abraçar os nordestinos no período eleitoral e de ferrá-los no seu dia a dia?
Wagner Leite

Secretaria de Segurança vai soltar presos para conter superlotação de Ciops - Cidades DF - Correio Braziliense

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Jornal decide contar ao leitor o que os jornalistas e o governo sabiam há muito: Lula e Rosemary, no centro do novo escândalo, eram amantes desde 1993

Um homem público ter uma amante é ou não assunto relevante? Nos EUA, basta para liquidar uma carreira política, como estamos cansados de saber. Foi um caso extraconjugal que derrubou o todo-poderoso da CIA e quase herói nacional David Petraeus.

Desde quando estourou o mais recente escândalo da República, todos os jornalistas que cobrem política e toda Brasília sabiam que Rosemary Nóvoa Noronha tinha sido — se ainda é, não sei — amante de Lula. Assim define a palavra o Dicionário Houaiss: “Amante é a pessoa que tem com outra relações sexuais mais ou menos estáveis, mas não formalizadas pelo casamento; amásio, amásia”.

Embora a relação fosse conhecida, a imprensa brasileira se manteve longe do caso. Quando, no entanto, fica evidente que a pessoa em questão se imiscui em assuntos da República em razão dessa proximidade e está envolvida com a nomeação de um diretor de uma agência reguladora apontado pela PF como chefe de quadrilha, aí o assunto deixa de ser “pessoal” para se tornar uma questão de interesse público.

O caso, com todos os seus lances patéticos e sórdidos, evidencia a gigantesca dificuldade que Lula sempre teve e tem de distinguir as questões pessoais das de Estado. Como se considera uma espécie de demiurgo, de ungido, de super-homem, não reconhece como legítimos os limites da ética, do decoro e das leis.

Outro dia me enviaram um texto oriundo de um desses lixões da Internet em que o sujeito me acusava de “insinuar”, de maneira que seria espúria, uma relação amorosa entre Rose e Lula. Ohhh!!! Não só isso: ao fazê-lo, eu estaria, imaginem vocês!, desrespeitando Marisa Letícia, a mulher com quem o ex-presidente é casado. Como se vê, respeitoso era levar Rose nas viagens a que a primeira-dama não ia e o contrário.

Mas isso é lá com eles. A Rose que interessa ao Brasil é a que se meteu em algumas traficâncias em razão da intimidade que mantinha com “o PR”. Lula foi o presidente legítimo do Brasil por oito anos. A sua legitimidade para nos governar não lhe dava licença para essas lambanças. Segue trecho da reportagem da Folha . Volto para encerrar.

*
A influência exercida pela ex-chefe do escritório da Presidência da República em São Paulo, Rosemary Noronha, no governo federal, revelada em e-mails interceptados pela operação Porto Seguro, decorre da longa relação de intimidade que ela manteve com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Rose e Lula conheceram-se em 1993. Egressa do sindicato dos bancários, ela se aproximou do petista como uma simples fã. O relacionamento dos dois começou ali, a um ano da corrida presidencial de 1994.

À época, ela foi incorporada à equipe da campanha ao lado de Clara Ant, hoje auxiliar pessoal do ex-presidente. Ficaria ali até se tornar secretária de José Dirceu, no próprio partido. Marisa Letícia, a mulher do ex-presidente, jamais escondeu que não gostava da assessora do marido. Em 2002, Lula se tornou presidente. Em 2003, Rose foi lotada no braço do Palácio do Planalto em São Paulo, como “assessora especial” do escritório regional da Presidência na capital. Em 2006, por decisão do próprio Lula, foi promovida a chefe do gabinete e passou a ocupar a sala que, na semana retrasada, foi alvo de operação de busca e apreensão da Polícia Federal.

Sua tarefa era oficialmente “prestar, no âmbito de sua atuação, apoio administrativo e operacional ao presidente da República, ministros de Estado, secretários Especiais e membros do gabinete pessoal do presidente da República na cidade de São Paulo”. Quando a então primeira-dama Marisa Letícia não acompanhava o marido nas viagens internacionais, Rose integrava a comitiva oficial. Segundo levantamento da Folha tendo como base o “Diário Oficial”, Marisa não participou de nenhuma das viagens oficiais do ex-presidente das quais Rosemary participou.

(…)

Procurado pela Folha, o porta-voz do Instituto Lula, José Chrispiniano, afirmou que o ex-presidente Lula não faria comentários sobre assuntos particulares.

EncerroComo se vê, Lula considera Rosemary um “assunto particular”, o que soa como confissão. Só que ela era chefe de gabinete do escritório da Presidência em São Paulo. O Brasil pagava o salário do “assunto particular” do Apedeuta. Ainda assim, ela poderia ter sido uma funcionária exemplar. Não parece o caso…

É um modo de ver a República. O mesmo Lula que classifica a chefe de gabinete da Presidência em São Paulo de “assunto particular” não distingue a linha que separa o interesse público de seus impulsos privados.

PS – Não deixem que a sordidez da história contamine os comentários. Há sempre o risco de se ultrapassar a linha do decoro em temas assim. Façam o que Lula não fez.

Por Reinaldo Azevedo

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Desídia fomentada pela Delegacia Virtual

A ideia da Delegacia Virtual copiada de outros estados para melhorar a vida daqueles que precisam da Polícia Civil, no Piauí, tornou-se uma desgraça por culpa de uma grande parcela de nossos próprios colegas que se arrimam no que deveria ser uma faculdade, uma opção, para fomentar a desídia e a má vontade de que são portadores. A Delegacia Virtual não foi criada para tirar das pessoas a possibilidade de registrar BO de perda de documento nas delegacias, mas para dar-lhes uma alternativa a mais. Por esse motivo é uma faculdade. Ocorre que muitos colegas limitam-se atualmente a “empurrar” as pessoas para a DELEGACIA VIRTUAL e LAN HOUSES, pessoas que muitas vezes não sabem nem o que é INTERNET, LAN HOUSE ou DELEGACIA VIRTUAL. Esses mesmos colegas que recusam o registro de um simples BO de uma pessoa humilde são os mesmos que desejam melhores salários, mas não contribuem com uma simples ação positiva para justificar a nossa determinação. Não é possível e nem aceitável, sem a devida justificação, que os policiais não façam o que é de sua atribuição – um simples BO de perda de documento.
Tenho tomado conhecimento que essa prática ruim e nociva está disseminada em todas as delegacias da capital, e que o 1ºDP, alegando uma portaria da DELEGACIA GERAL, já se omitia da obrigação do registro de perdas de documento, muito antes da tal Delegacia Virtual. Os argumentos dos colegas são os mais variados – segundo as “próprias vítimas”. Uns dizem que o BO tem que ser registrado na delegacia onde ocorreu a perda (tratando a perda de documento como crime); outros, que o BO deve ser feito na área onde moram; alguns dizem que deve ser feito pela INTERNET; outros tantos, arrimam-se em uma PORTARIA para não fazer nada, ainda que nada esteja fazendo. São tantos os casos de desídia e de má vontade, alguns sustentados até em portaria, que não é conveniente citá-los aqui.
Perdoem-me os colegas trabalhadores. Perdoem-me os determinados em servir à sociedade e prestar um bom trabalho, pois não me refiro a vocês. Refiro-me à parcela que quer tudo, exceto TRABALHO e SERVIR À SOCIEDADE, inspirados muitas vezes em seus superiores DESIDIOSOS. Por favor, não digam que essa fala não é de sindicalista alegando que sindicalista não pode ver a DESÍDIA dos colegas. Para os desidiosos afirmo que para ser membro do sindicato dos policiais civis, devemos, antes, ser servidores públicos, sendo esta, a regra. Portanto, vinculam-me as leis da administração pública, principalmente, o Estatuto dos Servidores Públicos do Estado e o Estatuto da Polícia Civil, e por esse motivo, a LEALDADE que todos devemos ter para com a Administração Pública, cujo vínculo é anterior e maior que qualquer vínculo sindical.
Espero, sinceramente, que os colegas entendam que podemos e devemos prestar um serviço melhor à sociedade mesmo com a condição franciscana em que vivemos.

Wagner Leite


quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Robert faz desabafo e rompe com base e PCdoB nas eleições


O secretário de Segurança Pública, Robert Rios Magalhães (PCdoB) confirmou hoje que fará campanha para o tucano Firmino Filho à prefeitura de Teresina, contrariando a decisão de seu partido em seguir o PSB, PT, PRB e PMN, que declararam apoio a Elmano Férrer (PTB). Robert fez duras críticas ao ser partido e classificou o blocão como “transatlântico dos insensatos” e chamou de “predadores” grupos econômicos que, na sua opinião, estariam tentando tomar a prefeitura de Teresina.
“A nau que leva Elmano é o transatlântico de milionários, ali não entra o povo e não podemos aceitar isso. É um governo de mentira, de mídia e você sabe que é mentira. É a mesma mentira do Governo Vida Nova, que impressionou a mídia mas não impressionou o povo. É a nau dos insensatos e não vai impressionar. Em 2010 os donos desse transatlântico estavam contra Wilson Martins, perdeu no primeiro turno e no segundo cruzou os braços. Agora tentam ganhar prefeitura de Teresina”, disse.

Em entrevista ao Jornal do Piauí, Robert afirmou também que seria “muito fácil” para ele “embarcar” nesse grupo. Porém, prefere “ficar ao lado do povo”. E chamou de “predadores” os grupos econômicos que estão representandos nesses partidos.
“O fato dos milionários e predadores do Piauí se unirem para sitiar nossa cidade. Olhe o perfil de cada um que compõe a aliança. Pessoas que são donas de quase toda Teresina. Depois fica a piadinha do velhinho que trabalha. O velhinho não trabalha coisa nenhuma. Você não vê obra em Teresina. Você vê o mais poderoso grupo econômico passando para cima da prefeitura de Teresina. Um é o palanque do povo e outro é o palco dos milionários”, disse.
PCdoB
Robert comentou que sua situação está “complicada” junto ao partido. Ele acusa o deputado federal Osmar Júnior de tomar decisões isoladas e poderá até deixar o partido.
“Está ficando muito complicada [a situação]. Osmar está tomando decisões isoladas. Beto Rego e Lázaro do Piauí não acompanharam. Osmar tem o monopólio do partido. Depois da campanha vou conversar com Osmar. Se tiver que deixar a política não vai ser sofrimento pessoal para mim”, declarou.
Rebelião de partidos
O deputado avaliou que o fato de os líderes dos partidos oficializarem o apoio não quer dizer que todos os integrantes dos partidos seguirão. Para ele, está se formando uma “rebelião” dentro dos partidos, repetindo o que ocorreu em 2002, quando Wellington Dias foi eleito governador pela primeira vez.

Robert no 2º turno 


Ele garantiu que se dedicará à campanha de Firmino e participará das atividades. “Se eu nunca me dediquei em uma campanha, nessa vou me dedicar. Votarei e farei campanha para Firmino e tenho certeza que vamos fazer uma grande corrente dos pobres contra os ricos”, alfinetou.

Leilane Nunes
leilanenunes@cidadeverde.com

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Haddad mente e Reinaldo Azevedo mostra a verdade



À mentira contada por Haddad, eu oponho a verdade. E com provas! Lula dizia que bolsas eram “esmolas” e deixavam o pobre vagabundo, sem vontade de “plantar macaxeira”Por Reinaldo Azevedo

Fernando Haddad, o candidato do PT à Prefeitura de São Paulo, tentou demonstrar ontem seu lado, vamos dizer assim, viril. No absurdo ato em que alunos beneficiados por um programa federal foram reunidos numa universidade privada, beneficiária desse programa (ver post), o homem resolveu falar. Com que energia! Transcrevo abaixo um trecho de reportagem do Estadão Online. Volto em seguida para dar uma aulinha rápida ao professor Haddad.
(…)
O candidato petista também endureceu em relação ao PSDB e à oposição. Atacou os críticos do “bolsa-esmola” e disse que Lula promoveu uma revolução na educação. “Essa revolução não seria feita por um doutor conservador, tinha de ser feita por um operário”, afirmou. Ao chamar a oposição de “xarope” por “torcer para que as coisas deem erradas”, o petista alfinetou o senador tucano Aécio Neves (MG). “Se o Aécio quer ser presidente, estuda um pouquinho. Lê um livro por semana. Dá uma lidinha em Copacabana.”
À plateia formada por bolsistas do ProUni, o candidato fez uma ligação entre o programa e sua passagem como chefe de gabinete da Secretaria de Finanças da gestão Marta Suplicy. Haddad disse que o embrião do ProUni seria um programa de desconto no ISS em troca de bolsas universitárias, mas a ideia não vingou.
VolteiPor que Haddad atacou Aécio Neves num ato em favor de sua candidatura à Prefeitura de São Paulo? Não tenho a menor ideia! Pelo que entendi, para ser presidente, é preciso ler um livro por semana. Numa entrevista célebre, Lula confessou que, se livro fosse veneno, desse mal ele não morreria. Dormiu, confessou, com um romance de Chico Buarque nas mãos. Tá… Nesse caso, não foi culpa dele. É melhor do que Stilnox. Adiante.
Haddad conta uma mentira quando diz que a oposição chamou o Bolsa Família de “bolsa esmola”. Até porque os programas de bolsas foram criados por FHC. Quem chamava os programas de bolsa de “esmola” era Lula. O candidato do PT não pode provar o que diz. Eu posso. Vejam o vídeo. Lula se refere ao Bolsa Família em dois momentos: em 2009 e em 2000.


Lula achava que programas de bolsa deixavam os beneficiários vagabundos porque não iriam querer “plantar macaxeira”. Haddad não pode provar o que diz, eu posso, como evidencia este discurso que o Apedeuta fez em 9 de abril de 2003, em companhia de Ciro Gomes, no agreste nordestino. Leiam (em vermelho).
Eu, um dia desses, Ciro [Gomes, ministro da Integração Nacional], estava em Cabedelo, na Paraíba, e tinha um encontro com os trabalhadores rurais, Manoel Serra [presidente da Contag - Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura], e um deles falava assim para mim: “Lula, sabe o que está acontecendo aqui, na nossa região? O povo está acostumado a receber muita coisa de favor. Antigamente, quando chovia, o povo logo corria para plantar o seu feijão, o seu milho, a sua macaxeira, porque ele sabia que ia colher, alguns meses depois. E, agora, tem gente que já não quer mais isso porque fica esperando o ‘vale-isso’, o ‘vale-aquilo’, as coisas que o Governo criou para dar para as pessoas.” Acho que isso não contribui com as reformas estruturais que o Brasil precisa ter para que as pessoas possam viver condignamente, às custas do seu trabalho. Eu sempre disse que não há nada mais digno para um homem e para uma mulher do que levantar de manhã, trabalhar e, no final do mês ou no final da colheita, poder comer às custas do seu trabalho, às custas daquilo que produziu, às custas daquilo que plantou. Isso é o que dá dignidade. Isso é o que faz as pessoas andarem de cabeça erguida. Isso é o que faz as pessoas aprenderem a escolher melhor quem é seu candidato a vereador, a prefeito, a deputado, a senador, a governador, a presidente da República. Isso é o que motiva as pessoas a quererem aprender um pouco mais.
Como o Fome Zero deu com os burros n’água, o Babalorixá de Banânica editou, no dia 20 de outubro de 2003, uma medida provisória e surrupiou todos os programas de FHC e os juntou no Bolsa Família. Haddad não pode provar o que diz. Eu posso. Segue o texto da lei.
(…) programa de que trata o caput tem por finalidade a unificação dos procedimentos de gestão e execução das ações de transferência de renda do Governo Federal, especialmente as do Programa Nacional de Renda Mínima vinculado à Educação - “Bolsa Escola”, instituído pela Lei n.° 10.219, de 11 de abril de 2001, do Programa Nacional de Acesso à Alimentação - PNAA, criado pela Lei n.° 10.689, de 13 de junho de 2003, do Programa Nacional de Renda Mínima vinculado à Saúde – “Bolsa Alimentação”, instituído pela medida provisória n.° 2.206-1, de 6 de setembro de 2001, do Programa Auxílio-Gás,instituído pelo Decreto n.° 4.102, de 24 de janeiro de 2002, e do Cadastramento Único do Governo Federal, instituído pelo Decreto n.° 3.877, de 24 de julho de 2001.
EncerroEu desminto Haddad. Mas ele não tem como negar o que escrevo. Se tem, quero ver.

Fonte: vejaonline

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Vice-presidente propõe CALENDÁRIO para o SINPOLPI




Estivemos analisando a necessidade de um CALENDÁRIO para os eventos do SINPOLPI e tomando à frente planejei-o e expus à diretoria que não deu muito importância ao planejamento neste momento, ora sustentando que talvez o momento não fosse oportuno, ora sustentando a pouca disponibilidade de caixa. Por esse motivo trago à tona a minha ideia revelando-a apenas parcialmente a fim de que os copiadores de plantão não se apossem do que não lhes pertencem.
O CALENDÁRIO que pensei divide-se naturalmente em partes a fim de podermos usá-lo anualmente e não apenas em um único EVENTO. Entendo que devemos planejar para evitar surpresas e ao mesmo tempo prepararmo-nos para o que for do interesse de cada um. Foi nesse diapasão que surgiu a ideia de fazermos de SEIS A OITO GRANDES EVENTOS, sendo um em abril para comemorar o DIA DO POLICIAL CIVIL, e o outro em setembro para comemorar a INDEPENDÊNCIA DO BRASIL. Um EVENTO pelo DIA DOS PAIS, e outro, pelo DIA DAS MÃES. Um EVENTO em outubro pelo dia das crianças, e outro, no final do ano, sendo esse a CONFRATERNIZAÇÃO, e outros mais. Quero chamar a atenção especificamente para os eventos de abril e de setembro por serem talvez os mais polêmicos. O evento de abril seria chamado de IRON MAN por motivos óbvios – realçar as virtudes dos policiais civis que trabalham como HOMENS DE FERRO, todavia, sem recursos, sem os meios adequados. Nesse evento faríamos entre outras coisas um TRIATLO ou “BIATLO” com provas que não revelo agora a fim de EVITAR o plágio. O evento de setembro seria o IRON FOOL, também por motivos óbvios, desta feita, chamar a atenção para nossa condição de ARRIMO DA POLÍCIA CIVIL e para uma classe que não costuma pensar no próximo. Sei que o risco de ser plagiado é grande e real, todavia, mesmo assim, revelo parte da programação do IRON FOOL e o seu significado. IRON FOOL pode ser traduzido de várias formas entre as quais o TOLO DE FERRO e a BESTA DE FERRO. Particularmente, gosto mais da última tradução, pois tem tudo a ver com o que acontece hoje na Policia Civil, tem tudo a ver com a nossa condição de trabalho no dia a dia e com a competição que imaginamos para REVELAR A VERDADE de forma satírica e cômica. O IRON FOOL seria uma competição esportiva que teria entre outras provas, uma competição de natação onde cada competidor carregaria um peso de 5 Kg para representar a autoridade que carregamos nas costas no nosso dia a dia. O peso já foi até batizado e tem o pomposo nome – DELEGADO. Portanto, o IRON MAN realçaria o que temos de melhor – o policial civil, e o IRON FOOL, o que temos de pior – o ônus de carregar um peso e a desídia de uma classe. Essa é uma de nossas propostas que dorme esperando ser posta em prática, mas existem outras. Particularmente, garanto que de um jeito ou de outro a implementarei, ainda que seja com meus próprios recursos, desde que tenha competidores.
Teresina, 27/09/12
Wagner Leite

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

“Novo Código Penal é obscenidade, não tem conserto”


De todas as atividades que Miguel Reale Júnior já desempenhou na vida, a que melhor o define, e que exerceu por mais tempo, é a de professor. É livre-docente da Universidade de São Paulo desde 1973 e professor titular desde 1988. Foi lá também que concluiu seu doutoramento, em 1971. Tudo na área do Direito Penal.
Fora das salas de aula, foi ministro da Justiça de Fernando Henrique Cardoso, secretário estadual de Segurança Pública de São Paulo durante o governo de Franco Montoro (1983-1987), presidente da Comissão de Mortos e Desaparecidos Políticos desde sua criação até 2001 e presidente do PSDB. Mas é a versão “professor” que o jurista mais deixa aflorar nesta primeira parte da entrevista concedida à revista Consultor Jurídico no dia 21 de agosto.
O texto do anteprojeto de reforma do Código Penal, elaborado por uma comissão de juristas nomeada pelo Senado, recém-enviado ao Congresso, é hoje o alvo preferido do penalista. “O projeto é uma obscenidade, é gravíssimo”, diz. Para ele, os juristas chefiados pelo ministro Gilson Dipp, do Superior Tribunal de Justiça, não estudaram o suficiente. “Não têm nenhum conhecimento técnico-científico”, dispara.


Segundo o professor, faltou experiência à comissão. Tanto no manejo de termos técnicos e científicos quanto na elaboração de leis. Entre os erros citados, o mais grave, para Reale Júnior, foi a inclusão de doutrina e termos teóricos e a apropriação, segundo ele, indiscriminada, da lei esparsa no código. “Não tem conserto. Os erros são de tamanha gravidade, de tamanha profundidade, que não tem mais como consertar.”

Leia a primeira parte da entrevista:

ConJur — Qual sua avaliação do projeto de reforma do Código Penal?

Miguel Reale Júnior — É uma obscenidade, é gravíssimo. Erros da maior gravidade técnica e da maior gravidade com relação à criação dos tipos penais, de proporcionalidade. E a maior gravidade de todas está na parte geral, porque é uma utilização absolutamente atécnica, acientífica, de questões da maior relevância, em que eles demonstram não ter o mínimo conhecimento de dogmática penal e da estrutura do crime.

ConJur — Onde isso aconteceu?

Miguel Reale — Basta ler. Para começar, no primeiro artigo. Está escrito lá: Legalidade. “Não há crime sem lei anterior”. É anterioridade da lei penal! Não existe lei anterior. E eles põem a rubrica de penal na legalidade. Nas causas de exclusão da antijuridicidade, eles colocam “exclusão do fato criminoso”, como se fossem excluir um fato naturalístico. Não é o fato criminoso que desaparece, é a ilicitude que desaparece. É ilógico. De repente, desaparece o fato. Veja o parágrafo 1º: “Também não haverá fato criminoso quando cumulativamente se verificarem as seguintes condições: mínima ofensividade, inexpressividade da lesão jurídica”. Mas uma coisa se confunde com a outra.

ConJur — Onde esses erros interferem?

Miguel Reale — Na parte do princípio da insignificância, da bagatela, colocam lá como exclusão do fato criminoso. E o que se conclui? Que é quando a conduta é de pequena ofensa ou que a lesão seja de pequena mora. Ofensividade e lesividade, para os autores que interpretam, são coisas diferentes. Tem de ter as duas, a ofensividade e a lesividade. E colocam no projeto também como condição, em uma linguagem coloquial, “reduzidíssimo”. Instituiu-se o direito penal coloquial. “Reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento.” “Grau de reprovabilidade reduzidíssimo”. A reprovabilidade é da culpabilidade, não tem nada a ver com a antijuridicidade. Que haja um reduzidíssimo grau de reprovação, que isso é uma matéria da culpabilidade, não tem nada a ver com exclusão da antijuridicidade, que erroneamente eles chamam de fato criminoso.

ConJur — O que quer dizer “reduzidíssimo”?

Miguel Reale — Boa pergunta. O que é reduzidíssimo? Grau de reprovabilidade? A reprovabilidade é elemento da culpabilidade, é o núcleo da culpabilidade, da reprovação. Não é antijuridicidade, não é ilicitude. Estado de necessidade. Considera-se em estado de necessidade quem pratica um fato para proteger bem jurídico. Bem jurídico é o núcleo, é o valor tutelado da lei penal. Ele não sabe o que é bem jurídico? Não é bem jurídico, é direito! Bem jurídico é um termo técnico. Qual é o bem jurídico tutelado pela norma? O juiz vai procurar saber qual é o bem jurídico. O bem jurídico é a vida, por exemplo. Bem jurídico é um conceito dogmático geral, é um valor tutelado por um direito. O que isso mostra? Falta de conhecimento técnico científico de direito jurídico.

ConJur — Faltou conhecimento?

Miguel Reale — Faltou estudar. Falta conhecer, manobrar, manejar os conceitos jurídicos. É isso que preocupa. E tem muitas teorias. Então, vamos em determinado autor, como a teoria do domínio do fato. É uma determinada teoria. Não pode fazer teoria no código. Mas existem coisas aqui que realmente ficam… Por exemplo: “considera-se autor”. Vamos ver se é possível entender essa frase: “Os que dominam a vontade de pessoa que age sem dolo atipicamente”. Isso aqui é para ser doutrina. “Atipicamente.” Dominam a vontade de pessoa que age sem dolo “atipicamente”. Trata-se de alguém que está sob domínio físico, como uma pessoa com uma faca no pescoço. Ou quem é coagido. Usaram uma linguagem que você tem que decifrar. “Dominam a vontade de pessoa que age sem dolo”. Como sem dolo? “Justificada” é quem vai e atua em legítima defesa, não tem nada a ver com falta de dolo. Não é dolo. Então, é agir sem dolo de forma justificada? Isso não existe! Não se concebe isso porque são conceitos absolutamente diversos e diferentes.

ConJur — São erros banais?

Miguel Reale — Banais. Em suma, trouxeram toda a legislação especial sem se preocupar em melhorar essa legislação esparsa que estava aí, extravagante, que tinha erros manifestos já anotados pela crítica e transpõe sem mudar nada. Crimes financeiros, crimes ambientais. Eu defendo que a lei dos crimes ambientais foi a pior lei brasileira. Mas esse projeto ganha por quilômetros…

ConJur — A Lei de Crimes Ambientais é tão ruim?

Miguel Reale — Ela diz que a responsabilidade da pessoa jurídica só ocorrerá se houver uma decisão colegiada pela conduta criminosa, cometida por decisão do seu representante legal ou por ordem do colegiado, em interesse e benefício da entidade. Mas a maior parte dos crimes ambientais são culposos, os mais graves. Quando vaza petróleo na Chevron, por exemplo, não houve uma decisão: “Vamos estourar o cano aqui e destruir ecossistemas…” Pela lei, precisa haver uma decisão de prática do delito. Deixar escrito: “Vamos praticar o delito.” No projeto de Código Penal, eles reproduzem a lei ambiental, mas têm a capacidade, que eu mesmo imaginava inexistente, de aumentar ainda mais as tolices.

ConJur — Por que aconteceram erros tão graves?

Miguel Reale — Não sei. Há pessoas até muito amigas, mas que não têm experiência na área efetivamente acadêmica ou experiência legislativa. Eles não conhecem teoria do Direito. Estão trabalhando com teoria do Direito com absoluto desconhecimento técnico.
ConJur — Como foi escolhida a comissão?Miguel Reale — Foi o Sarney. Foram pessoas conhecidas, do Sergipe, de Goiás. É o “Código do Sarney”, porque daqui a pouco acaba o mandato dele, mas o código criado por ele precisa perdurar. O que mais me impressiona é a forma como isso foi feito.

ConJur — Qual foi?

Miguel Reale — Foi picotado. Tanto que na exposição de motivos, cada artigo vem assinado por uma pessoa. Não houve trabalho conjunto sistemático, não houve meditação. Eu participei de várias comissões legislativas. O trabalho que dá é você pôr a cabeça no travesseiro, pensar, trocar ideias, fazer reuniões, brigar.

ConJur — Falhas teóricas prejudicam os méritos do texto?

Miguel Reale — Seria uma vergonha para a Ciência Jurídica Brasileira se saísse um código com erros tão profundos. Quando você acha que encontrou um absurdo, leia o artigo seguinte. O artigo 137 prevê que a pena para difamação vai de um a dois anos. Já o artigo 140 diz que se a difamação for causada por meio jornalístico, a pena é o dobro. A Lei de Imprensa, que foi declarada inconstitucional, e era considerada dura demais, previa que a pena para isso era de três meses!

ConJur — O texto recebeu elogios.
Miguel Reale — Os elaboradores é que falaram bem! Fizeram um Código Penal que jornalista gosta. Punham no jornal e se valiam dos meios de comunicação do STJ ou do Senado para agitar a imprensa. Quem é que falou bem? Qual foi o jurista que falou bem? Até porque não se conhecia o projeto, só se conhecia por noticia de jornal. Isso que eu estou dizendo sobre o fato criminoso é gravíssimo. Mas tem erros que já estavam incluídos nos dados preparatórios, como o nexo de causalidade. Eles vão mexer em termos que estavam consagrados no Direito, que ninguém.

ConJur — Não estavam em pauta?

Miguel Reale — Não estavam pauta, já estavam consolidadas no Código Penal. Não é uma coisa para ser mexida, nós mesmos não mexemos em 1984, quando fizemos a reforma da parte geral. Mexemos na parte do sistema de penas, mas eles acabaram com o livramento condicional sem justificativa.

ConJur — Foi para diminuir as penas das condenações?

Miguel Reale — Pelo contrário, as penas são elevadíssimas! E para fatos irrelevantes. “Artigo 394: omissão de socorro para animal.” A qualquer animal. Se você passa e encontra um animal em estado de perigo e não presta socorro a esse animal, sem risco pessoal, sabe qual é a pena? De um a quatro anos. Agora, omitindo socorro a criança extraviada, abandonada ou pessoa ferida, sabe qual a pena? Um mês. Ou seja, a pena por não prestar socorro a um animal é 12 vezes maior do que a pena de não prestar socorro a uma pessoa ferida. Outro exemplo: pescar ou molestar cetáceo. Sabe qual é a pena? Dois a quatro anos. Mas se você molestar um filhote de cetáceo, é três anos. Se você só pesca o cetáceo é dois, mas se o cetáceo morre, passa para quatro anos. Você vai pescar para quê? Para colocar a baleia no aquário dentro de casa?

ConJur — E sem livramento condicional.

Miguel Reale — Pois é. Acabar com o livramento condicional é uma violência. Eles criam uma barganha com a colaboração da Justiça. A barganha elimina o processo sem a presença do réu, e é feita pelo advogado ou defensor público que estabelece que não haverá processo. Então, aceita-se uma negociação na qual haverá a imposição de uma pena reduzida sem que se possa aplicar o sistema fechado.

ConJur — De onde tiraram isso?

Miguel Reale — Do sistema americano. Para qualquer crime, qualquer delito, haverá barganha para não manter o sistema fechado. E depois da colaboração, já mais vergonhosa de todas, porque quebra com todos os sistemas éticos de vida, que é denunciar os amigos para todos os delitos, vem a colaboração com a Justiça em qualquer tipo de crime. Aí o sujeito não é apenado, em qualquer tipo de delito, se ele antes da denúncia apresentar uma investigação, elementos suficientes para culpar os coautores, os cúmplices. É uma coisa importada. Esse exemplo americano é extremamente grave, porque nos Estados Unidos já se tem a comprovação, estudos estatísticos, do número de pessoas que, na incapacidade de produzir provas a seu favor, na falta de ter um advogado competente, aceitam a barganha porque acham melhor, mais seguro aceitar uma pena menor do que enfrentar o processo.

ConJur — Mesmo sendo inocentes?

Miguel Reale — Mesmo sendo inocentes. O número de inocentes que acabam aceitando a barganha, com a ameaça de que haverá uma pena muito maior de outra forma, é muito grande. Por outro lado, a colaboração da Justiça é o sujeito ficar praticando o delito até a hora que a barca vai afundar. Na hora que a barca afunda, ele pula fora e entrega os outros. Quer dizer, é o Estado se valendo da covardia e da falta de ética do criminoso. É a ética do delator. É premiar o mal caráter, premiar o covarde. Porque há de ter pelo menos um código de ética entre aqueles que praticam o crime.

ConJur — O novo Código Penal vai acabar com isso?

Miguel Reale — Todas as leis internacionais querem introduzir normas de delação. Delação demonstra o seguinte: incapacidade de apuração. É o juiz, recebendo os fatos, considerar o perdão judicial e a consequente extinção da punibilidade. Se imputado como primário, ou reduzirá a pena de um terço a dois terços ou aplicará somente a pena restritiva. Quer dizer, não tem pena de prisão ao acusado que tenha colaborado efetiva e voluntariamente com a investigação. Mas como voluntariamente? Ele está com um processo em cima dele.
ConJur — Como funcionaria essa delação?

Miguel Reale — Você delata, sua delação fica sigilosa, e depois que é delatado é dado conhecimento dela aos advogados das partes, ou dos réus, que foram delatados pelo beneficiário. É delação de coautor. Os coautores vão ser processados por causa da delação. Está dizendo aqui que não basta a delação para ser prova, tem que ter outros elementos. Mas ele delatou. E se não tiver nenhuma outra prova? Não está escrito aqui. Aqui diz a total ou parcial identificação dos demais coautores, e não prova.

ConJur — Ou seja, é preciso correr para delatar primeiro e não ser delatado por um comparsa.

Miguel Reale — Sim. E a delação tem de ter como resultado: “a total ou parcial identificação dos demais coautores ou partícipes da ação criminosa; a localização da vítima com a sua integridade física preservada”. Aqui é no caso de um sequestro. Recuperação total ou parcial do produto do crime.

ConJur — Dispositivos como esses são para ganhar manchetes?

Miguel Reale — É isso que estou dizendo, não se faz Código Penal com o jornalista à porta. A cada pérola produzida, punham na imprensa. Os notáveis não têm o menor conhecimento técnico-científico, o menor conhecimento jurídico. O que me espantou foi, na parte geral, encontrar isso. Confusões gravíssimas conceituais. Algumas coisas são mais técnicas. “A realização do fato criminoso exige ação ou omissão, dolosa ou culposa, que produza ofensa, potencial ou ofensiva.” Tem vários crimes que não têm ofensa potencial ou efetiva. Por exemplo: tráfico de drogas, não tem. Qual a ofensa potencial que o tráfico de drogas oferece a um determinado bem jurídico? Não tem. São chamados crimes de perigo abstrato, em que você presume que há um perigo em decorrência dele. Porte de entorpecentes, por exemplo. Porte de arma é crime grave hoje. Não tem nenhuma ofensa potencial ou efetiva. Porque é um crime de perigo abstrato, é um crime chamado de “de mera conduta”. E hoje isso se repete. Em vários tipos de delito há a figura do crime de perigo abstrato. Quando fala do fato criminoso, você já está incluindo todos os crimes de perigo abstrato. Isso tem que ser comedido. Têm de ser limitados os crimes de perigo abstrato, mas com o novo texto, acaba-se com os crimes de perigo abstrato. Tem ainda uma frase que eu não consegui entender: “A omissão deve equivaler-se à causação”. Como ela mesma vai se equivaler? Não dá para entender. Tem outra coisa aqui: “o resultado exigido.” Exigido por quem?

ConJur — Seria o resultado obtido?

Miguel Reale — Claro! Resultado exigido? Por quem? O resultado exigido pela norma?

ConJur — O senhor havia falado da questão do dolo.

Miguel Reale — Isso. O artigo 18, inciso I, diz: “doloso, quando o agente quis realizar o tipo penal ou assumiu o risco de realizá-lo”. Eu quis o tipo penal? O tipo penal tem vários elementos constitutivos. É falta de conhecimento técnico no uso dos termos técnico-jurídicos. O tipo penal é um conceito da estrutura do crime, dogmático. Não se “quer o tipo penal”, se quer a ação. O texto diz também que há um início de execução quando o autor realiza uma das condutas constitutivas do tipo ou, segundo seu plano delitivo, pratica atos imediatamente anteriores à realização do tipo. Se você não realizou, são os atos preparatórios que exponham a perigo o bem jurídico protegido. Isso é o samba do crioulo doido! Por isso que eu disse que o problema não é ser técnico, é ser compreensível e se ter um pouco de lógica, de fundamento, de conhecimento. São coisas que realmente me deixam extremamente preocupado.

ConJur — Pode melhorar no Congresso?

Miguel Reale — Não tem conserto. Os erros são de tamanha gravidade, de tamanha profundidade, que não tem mais como consertar. Eu sei que o Executivo não põe suas fichas nesse projeto. O projeto é realmente de envergonhar a ciência.

ConJur — O desinteresse do governo é aberto?

Miguel Reale — Não. Eu tive notícias de que o Executivo não teria interesse porque sabe dos comprometimentos, das ausências técnicas que estão presentes nesse projeto.

ConJur — Já lhe consultaram?

Miguel Reale — Não. E o membro mais importante que tinha nessa comissão, que tinha experiência legislativa, era um acadêmico. Era o professor Renê Dotti, que saiu dizendo que não tinha condições de permanecer ali do jeito que os trabalhos estavam sendo conduzidos.

ConJur — No seu ponto de vista, qual é o erro principal?

Miguel Reale — É você estabelecer uma punição, uma interferência do Direito Penal em fatos que devem ser enfrentados pelo processo educacional, processo de educação na escola, processo de educação na família, e não com a repressão penal.

ConJur — Tentar resolver todos os problemas com punição pode ser visto como reflexo do momento social em que vivemos?

Miguel Reale — Também. Imaginar que trazer punição do Direito Penal para resolver as coisas, que vamos dormir tranquilos porque o Direito Penal está resolvendo tudo. É a ausência dos controles informais, a escola, a igreja, a família, o sindicato, o clube, a associação do bairro, a vizinhança etc. São todas formas naturais, sociais, de controle social. Quando os controles informais já não atuam, se reforça o Direito Penal como salvação. Passa a ser o desaguador de todas as expectativas.

ConJur — Isso mostra uma hipertrofia do Estado?

Miguel Reale — Uma grande hipertrofia e uma fragilidade política e uma fragilidade social. Políticas de sociabilidade, políticas de agonia social. É um agigantamento do Direito Penal.

ConJur — Passamos também por um afã acusatório, ou seja, é mais importante fazer uma acusação do que se chegar a uma solução?

Miguel Reale — Sim. Isso passa um pouco pela dramatização da violência, pelo Direito Penal presente nos meios de comunicação diariamente, uma exacerbação. Ao mesmo tempo em que existe uma crença no Direito Penal, há uma descrença, porque se chega a um momento de grande decepção. Ao mesmo tempo em que depositam todas as fichas no Direito Penal, as pessoas dizem: “Mas ninguém vai ser punido” ou “só vão ser punidos os pequenos, e os grandes nomes vão se safar”. A pesquisa da Folha de S.Paulo sobre o mensalão é um exemplo. As pessoas acham que os réus são culpados, mas 73% acham que eles não serão punidos. Ou seja, é ao mesmo tempo ter o Direito Penal como único recurso, e saber que esse recurso não vai funcionar. Aí vem um grande desânimo que acaba, talvez, levando negativamente a uma grande permissividade.

ConJur — O nosso sistema penal está preparado para isso?

Miguel Reale — Não, inclusive com esse problema de não haver o livramento condicional. O que eu vejo é o seguinte: grande parte da população carcerária está presa por crime de roubo, violência, crime contra patrimônio, ou seja, roubo comum, roubo à mão armada, latrocínio e tráfico de drogas. Esses são os crimes, os núcleos que mais levam à prisão. A maior parte é por latrocínio e tráfico de drogas, que são crimes hediondos. Ser crime hediondo não levou a uma redução da incidência criminal. E os crimes de roubo, que crescem vertiginosamente, crime de roubo comum ou roubo à mão armada, ou mesmo, infelizmente, com mais gravidade, o latrocínio, cresceram vertiginosamente, pelo menos em São Paulo, e é um crime hediondo. Por que se dissemina? Porque existe uma grande impunidade. Essa impunidade vem do quê? Da falta de apuração dos fatos delituosos.

ConJur — Então o problema é da falta de polícia e não de lei?

Miguel Reale — Nem da falta de lei, nem da falta de polícia. É da falta de investigação. O percentual dos crimes de roubo cuja a natureza é descoberta é de apenas 2%. Então, se nós temos 500 mil presos a maioria desses presos é por roubo, imagina se você descobrisse dez vezes mais, ou 20%. Qual seria a população carcerária? Eu mesmo fui assaltado duas vezes e não registrei boletim de ocorrência. O problema todo é imaginar que a lei penal em abstrato tenha efeito intimidativo. O que tem efeito intimidativo é a lei quando é efetivada ou quando se mostra possível de efetivar. Vou dar um exemplo: se você está em um estrada e passa um carro no sentido contrário e dá um sinal de luz, você diminui a velocidade porque tem guarda rodoviário pela frente. Quando você passa o guarda rodoviário, você acelera. Quando você está na estrada e tem lá o radar, você diminui. Então o que é? É a presença efetiva, ou humana ou por via de instrumentos de controle.

ConJur — Neste ano, o Código Civil, cujo anteprojeto foi elaborado pelo seu pai, Miguel Reale, faz dez anos. Foi um projeto que demorou 25 anos para ser aprovado, aparentemente sem pressa.

Miguel Reale — E foi um trabalho imensamente meditado. Depois veio a Constituição Federal, daí houve 400 emendas oferecidas, um grande trabalho do relator no Senado, e meu pai respondeu as 400 emendas sozinho, à mão. Nós temos tudo isso feito à mão por ele, anotado. Eu guardo tudo isso em um instituto que nós temos.

ConJur — Quanta gente havia na comissão elaboradora?

Miguel Reale — Pouca gente. E o Código Civil está produzindo efeitos, tem novidades e contribuições importantes. Há erros, mas ao mesmo tempo foi reconhecido o imenso avanço que o Código Civil trouxe na consagração de valores importantes do Direito Civil, como a função social, como a sociabilidade. Um código voltado para um futuro aberto graças a normas que têm cláusulas abertas, cláusulas gerais. Foi um código muito pensado, muito meditado, meu pai discutia muito com outros professores, como o professor Moreira Alves, com quem trocava ideias, e havia troca de ideias no Congresso Nacional. Assim que se faz uma legislação de tamanha grandeza.

ConJur — O fato de o Direito mudar muito rápido não exige que se aprove uma lei antes que seja tarde demais?

Miguel Reale — Aí é que fica tarde demais, porque já nasce mal feito. Não se pode fazer uma legislação dessa maneira, de afogadilho. Aliás, tem coisas ali no projeto de reforma do Código Penal que são notáveis, como toda a questão da parte geral, que exige um profundo conhecimento da estrutura do crime, da dogmática penal. E já foi visto que não existe nem de longe o conhecimento técnico-jurídico penal na parte geral, que é a parte central.
Por Pedro Canário e Marcos de Vasconcellos
Fonte: conjur.com.br